Partido Comunista Internacional Corpo unitário e invariante das teses do partido


Partido Comunista Internacional

As teses e avaliações clássicas do Partido sobre as guerras imperialistas  


1. Tipo históricos de guerra - 2. Inevitabilidade da guerra imperialista - 3. Evitabilidade da guerra imperialista - 4. Do reformismo proletário á traição burguesa - 5. O movimiento comunista face à crise à guerra - 6. Guerra longas não favorecem a revolução - 7. Tarefas do Partido em diferentes situações - 8. Defencionismo e intermediatismo - 9. Derrotismo revolucionário - 10. Contra o indiferentismo - 11. Teses sobre tácticas

 

 

O marxismo é incapaz de acreditar nas promessas de coabitação pacífica e desarmamento mundial feitas pelos capitalismos orientais e ocidentais, e está convencido de que a diplomacia dos dois maiores imperialismos do mundo – com os quais, ameaçadoramente, os imperialismos menores (especialmente o alemão e o japonês) se alinham de novo – só pode levar ao restabelecimento de alianças para uma nova guerra imperialista. De facto, numa análise final, o modo de produção capitalista só poderá superar a crise económica generalizada que está a ocorrer em ambos os blocos globais, destruindo a destruição de uma terceira guerra mundial.

Estas novas teses, que o partido gostaria de desenvolver mais, realinham as pedras angulares e avaliações doutrinárias e táticas do partido que surgiram como resultado da sua ponderação do legado histórico deixado pelas duas guerras imperialistas. Além disso, estas teses podem, então, afirmar que são totalmente coerentes com, e são a continuação genuína, de todos os textos e teses do nosso movimento de esquerda comunista. Estes pequenos ajustamentos não indicam qualquer desejo de fazer modificações, mas sim uma reafirmação e repetição a ser utilizada pela próxima geração de lutadores proletários generosos e entusiastas do futuro; entretanto, através da impressa e com a clareza que as nossas ligações dialéticas revolucionárias nos dão, antecipam obstinadamente a recuperação comunista quando o nevoeiro atual tiver levantado.

A nossa posição atual pode ser rastreada até aos clássicos de Marx e Lenine, e de facto podemos publicar uma coleção dos seus textos de apoio às teses atuais. Entretanto, referimo‑nos às teses, suficientemente substanciais em si mesmas, que são redigidas a partir de relatórios dados nas reuniões gerais do nosso movimento e publicadas na íntegra nos números 16 a 22, da revista do partido "Comunismo" (2003).

 



1. TIPOS HISTÓRICOS DE GUERRA

O marxismo considera a noção dos pacifistas e anarquistas que todas as guerras devem ser combatidas porque são mortíferas e brutais como sendo abstrata e inadequada. Para nós, conformando‑nos com a doutrina que vemos como um fio vermelho que vai de Marx e Engels a Lenine, justificamos ou condenamos cada dada guerra na base do seu significado histórico fundamental. A recusa de pegar na espingarda e ir à luta, contra o militarismo e a guerra em geral, é abstrata e metafísica, uma vez que todo o facto de ser contra a guerra em primeiro lugar decorre de motivações históricas e não morais. A abolição da guerra, em si mesma, não é um slogan nosso. A guerra é um dos fatores decisivos dentro das fases do ciclo capitalista na sua ascensão e declínio: abolir a guerra significa apenas interromper esse ciclo antes que a solução revolucionária chegue.

A época aberta pela grande Revolução Francesa de 1789 pode ser subdividida esquematicamente em períodos diferentes, com cada sub‑divisão correspondendo a um tipo diferente de guerra e a uma atitude diferente por parte do marxismo.

Primeiro período: desde a Revolução Francesa até à Comuna de Paris, 1871. Este é o período das guerras nacionais de libertação, caracterizado essencialmente pela expulsão da dominações feudais, absolutistas e estrangeiras. Estas eram guerras progressivas, e o apoio marxista a elas não derivava do facto de serem defensivas ou patrióticas, mas devido à sua natureza revolucionária, úteis para a organização capitalista moderna, ou seja, as guerras de agressão como as guerras Napoleónicas contra os países feudais eram historicamente progressivas.

Em 1871, há o grande ponto de viragem histórico sobre o qual Marx comenta: todos os governos nacionais estão confederados contra o proletariado. Na Europa, o período das guerras de unificação nacional chega ao fim com a Comuna de Paris. Poderá então ainda hoje haver guerras progressivas e, portanto, justificáveis? Em 1951 afirmamos que poderia haver, talvez, mas só fora da Europa; além disso, como com Lenine, especificámos que o critério correto para classificar tipos de guerra diferentes e estabelecer se uma guerra é justa ou não, é o critério social e não o jurídico de agressão ou defesa, invasão ou resistência, conquista ou libertação.

A segunda decorre entre 1871 e 1914, com o último ano a assinalar o início da Primeira Guerra Mundial e a queda da Segunda Internacional (devemos reconhecer através de outra data emblemática indicada nos textos de Lenine, e nós nossos, o ano 1905, em que, com a Revolução Russa e o desenvolvimento imperialista do capitalismo, começa um terceiro período de guerras e revoluções). Este segundo período é chamado o desenvolvimento “pacífico” do capitalismo, do domínio da burguesia, e o da sua decadência – a concentração do poder económico e político nas finanças; a ausência das agressões revolucionárias é conspícua, o movimento socialista prepara e reúne gradualmente as suas forças, ganhando extensão à medida que os grandes partidos europeus emergem. A principal preocupação dos marxistas neste período é a consolidação e desenvolvimento deste processo e a atitude em relação à guerra deriva das suas possíveis consequências no decurso desse processo. Engels substitui o critério anterior, de apoio às guerras burguesas progressistas, pela defesa do partido do socialismo, depois ameaçado pela vitória da Rússia feudal. Já não existe uma aliança com a burguesia nacional, mas uma ajuda condicional dada, em plena independência, pelo movimento socialista à guerra, que deveria ser conduzida por "meios revolucionários", e os socialistas, para esse fim, não hesitariam, se pudessem, em tomar o poder.

No início da última década do século Engels novamente, prevendo uma guerra geral, esperava um atraso na sua deflagração devido à imaturidade do movimento: a revolução dificilmente poderia surgir da guerra, também porque a Rússia, a grande força de reserva de todos os reacionários europeus, preparada para estrangular qualquer tentativa revolucionária à nascença, em aliança com as burguesias, agora já à muito conservadoras. A melhor hipótese em caso de guerra estaria ligada à derrota da Rússia, seguida de uma revolução que acabaria com o regime feudal: tal coisa acontecerá de forma consequente com o Outubro de 1917.

A guerra de 1914 tem um carácter totalmente diferente e cai no tipo de guerras imperialistas, guerras já não entre nações mas entre Estados capitalistas para a divisão de escravos assalariados e mercados entre si. No imperialismo, a parábola do capitalismo (revolução - reforma progressiva - reação) tem sido levada até ao fim. O marxismo já não tem interesses nacionais, em defender contra reações feudais – o inimigo a vencer é apenas o inimigo interno. Em 1914, a Rússia czarista é um remanescente histórico mas, embora espere a sua derrota, a a social-democracia não pode usá‑la como uma razão para apoiar o governo burguês alemão e o grito de guerra tem de ser: trabalhar para fazer os dois lados caírem juntos. Os comunistas revolucionários devem liderar a luta imediata do proletariado contra todos os governos, para a transformação da guerra imperialista em guerra civil, para a tomada revolucionária do poder.

A estes dois tipos (burguesia progressista e imperialista) Lenine acrescenta um terceiro: guerra revolucionária, guerra entre um Estado onde a revolução proletária ganhou e Estados onde o capitalismo ainda domina. O marxismo não só não exclui tal guerra, como a considera progressiva e necessária: pode surgir como uma guerra de defesa por invasão de um Estado capitalista ou como uma guerra de ataque contra um Estado ainda burguês para apoiar ou fomentar a revolução comunista. Em ambos os casos, o aspeto nacional não deve ser assumido devido ao perigo de recair em posições deploráveis e retrógradas (mesmo que exista apenas um Estado proletário); ao contrário, o aspeto internacionalista do conflito deve ser acentuado, pois é uma guerra entre exércitos de classes inimigas e não entre Estados e tal guerra é parte da guerra civil mundial entre o proletariado e a burguesia.

Duas guerras imperialistas devastaram o mundo e em ambos os casos os social-democratas traidores deram ao proletariado uma explicação "marxista" para o empurrar para tomar partido sob as bandeiras dos seus próprios inimigos. Chamaram à Primeira Guerra "defensiva". Foram as frações de esquerda internacionais, com Lenine, Liebknecht e a esquerda italiana, que refutaram isto, explicando que com a palavra “guerra de defesa”, os marxistas, mesmo antes de 1870, indicavam só guerras que protegiam o desenvolvimento ainda progressivo da forma capitalista contra os reacionários, enquanto que a de 1914 era uma guerra imperialista entre capitalismos completamente desenvolvidos e era traição falar de defesa da pátria em qualquer país. Chamaram à Segunda Guerra como uma guerra do primeiro tipo, de libertação nacional, e como uma guerra do terceiro tipo, proletária e revolucionária, vendo implicitamente nos regimes democráticos burgueses os difusores do socialismo e os seus defensores contra os Alemães.

Os chauvinistas sociais de 1914 e os oportunistas supremos de 1939 e 1941 estavam muito longe de retirar da guerra as suas armadilha burguesas patrióticas, nacionalistas ou falsamente revolucionárias, para a classificarem, marxistamente, como sendo uma guerra imperialista, pois tal admissão teria‑os necessariamente conduzido, como foi para socialistas verdadeiros consistentes, à única tática admissível e propugnável: a do derrotismo revolucionário em todas as frentes da guerra.

 



2. INEVITABILIDADE DA GUERRA IMPERIALISTA

Desde que o mercado mundial foi formado, desde que as estreitas esferas de vida e círculos de influência, típicos do pré‑capitalismo, se dissolveram no magma económico único da produção e venda de bens, desde que os mercados de todo o mundo foram saturados e as novidades foram espremidas para caberem no seu canto do mercado; em suma, uma vez iniciada a época do imperialismo, ocorrem inevitavelmente guerras de invasão, com pilhagens e assaltos de ambos os lados, para a divisão dos mercados e a subdivisão e nova distribuição das esferas de influência do capital financeiro, e igualmente inevitável é a submissão dos Estados e nações para as grandes potências como consequência.

Poderiam os governos burgueses e os seus líderes impedir a guerra? Não, não têm nem a possibilidade de a provocar nem de a impedir. Mesmo que pessoalmente não queiram guerra ou não achem oportuno apressá‑la, as suas intenções têm pouco efeito: a oligarquia do grande capitalismo que representam e da qual dependem é forçada a operar na produção, indústria, comércio e finanças de funcionam acordo com leis económicas inexoráveis que conduzem inevitavelmente à guerra. A guerra não é uma política de um determinado estrato ou partido burguês, é uma necessidade económica.

Por outro lado, poderiam os movimentos pacifistas interclassistas, os "partidários da paz", as "pombas" de cada resma, impedir a guerra? Estes movimentos não‑obreiros expressam apenas o desejo mesquinho das classes médoas de manter as vantagens que o capitalismo ainda é capaz de lhes oferecer em detrimento do proletariado, europeu e especialmente não europeu. A história ensina‑nos que tais movimentos dissolvem‑se em caso de guerra de modo a abraçar as falsas justificações da sua própria burguesia: “Às armas! Contra o "inimigo" e para defender e restaurar a Paz!”

Dentro do modo de produção capitalista e com os instrumentos oferecidos pela ordem política que repousa sobre ele, a guerra imperialista não pode ser evitada. Só um contra-poder histórico que se opõe a esta ordem, a classe proletária liderada pelo seu partido, pode constituir a única possibilidade de impedimento de guerra. Só se a estrutura mundial do poder capitalista for arrasada é que a humanidade poderá ser poupada aos seus horrores, o pior dos quais é a guerra: num mundo socialista, numa sociedade não comercial, não capitalista, não estatal, o primeiro verdadeiro começo da história humana, a guerra deixará de de ter qualquer razão para ser.

 



3. EVITABILIDADE DA GUERRA IMPERIALISTA

Se dentro do capitalismo a guerra permanece inevitável e não terminará com a Paz Mundial como previsto por idiotas. insensatos e traidores, nós afirmamos com Marx e Lenine que a guerra entre os homens terminará apenas com a revolução internacional da classe obreira que, ao abolir as causas da guerra, abolirá a própria guerra.

Portanto, quando Lenine e nós afirmamos que a guerra é inevitável, não queremos dizer que seja inevitável num sentido absoluto, mas que não pode ser evitada por um movimento vagamente ideológico de proletários e classes pobres e médias aliados: tal movimentos são esmagados pela guerra como se por um rolo compressor, sem encontrar resistência. A guerra geral é historicamente evitável, mas com a única condição de ser combatida por um movimento da classe assalariada que não espera que a guerra seja substituida pela paz, mas pelo nascimento de uma nova guerra, de modo a derrubar o capitalismo vil e decrépito.

Quando Lenine estabeleceu que a última fase imperialista do capitalismo conduz à guerra, ainda não acreditava numa série subsequente de guerras mundiais, mas esperava que o proletariado, pelo menos na Europa, se levantasse e a impedisse. A fórmula dele era: transformar a guerra imperialista numa guerra civil. Os socialistas da “Segunda Internacional” tinham aceitado isto mas não o aplicaram e enganaram‑se a si próprios com fantasies agradáveis onde impediam a guerra apenas com o desenrolar pacífico da greve geral contra a mobilização em todos os lados das fronteiras. Mas nem mesmo isso foi conseguido (e teria sido insuficiente) porque todas os partidos obreiros marcharam ao lado da guerra nacional. Lenine teve de especificar – sem reconsiderações desnecessárias e sem confissões de erro, porque no campo da avaliação da ocorrência de acontecimentos históricos desde Marx, o otimismo revolucionário, não sonhador mas baseado em possibilidades reais, tem sido de pouca ou nenhuma importancia – que não apenas uma, mas uma série de guerras imperialistas aconteceriam: ele não indicou um prazo, mas estabeleceu as condições necessárias para derrubar o carácter da guerra: de guerra imperialista a guerra revolucionária civil e proletária. Ele atacou ferozmente as pretensões de conseguir para a guerra com uma greve, mesmo que fosse geral e indefinidamente longa:: muito mais necessário – dantes e agora – era uma organização profundamente enraizada no proletariado e no exército, emanando do partido de classe de massa e influente, baseado em posições teóricas firmes, programáticas e táticas, o único organismo que pode dirigir a tomada do poder pelo proletariado com o objetivo de derrubar a sociedade putrefacta do capital.

 



4. DO REFORMISMO PROLETÁRIO À TRAIÇÃO BURGUESA

Em todos os casos de crise aguda na sociedade capitalista, oportunistas de todas as cores tomam infalivelmente e abertamente o lado dos interesses burgueses, revelando o seu papel histórico de infiltradores no movimento proletário sem vergonha ou arrependimento para levar a cabo o programa de preservação burguesa, disfarçando‑o com o programa da emancipação da classe trabalhadora.

O fracasso da Segunda Internacional foi causado pela prevalência do oportunismo no partido. O caminho para este fracasso estava livre: negando a revolução socialista e substituindo‑a pelo reformismo burguês; negando a luta de classes e a necessidade de a transformar numa guerra civil em certos momentos; pregando a colaboração de classes; cedendo ao chauvinismo em nome do patriotismo e da defesa da pátria; ignorando e negando a base fundamental do socialismo, já declarada no Manifesto Comunista, de que os trabalhadores não têm pátria; alinhando‑se com a hipocrisia da pequena burguesia na luta contra o militarismo, em vez de reconhecer a necessidade de uma guerra revolucionária pelos proletários de todos os países contra a burguesia de todos os países; transformando o uso admissível do parlamento e da legalidade burguesa no fetichismo desta legalidade e esquecendo a necessidade de formas ilegais de agitação e organização em tempos de crise.

Lenine fala do fracasso do oportunismo e, em aparente contradição, do seu triunfo. O fracasso da Segunda Internacional foi o fracasso, doutrinário e tático, do oportunismo pois a prosperidade para todos com reformas não foi alcançada e a paz não foi salvaguardada; a Segunda Internacional tinha esgotado a tarefa histórica que se tinha dado a si própria no chamado período "pacífico" do desenvolvimento capitalista. Em 1914 foi submetida ao teste histórico da guerra imperialista: forças saudáveis estavam presentes e os pré‑requisitos, incluindo táticas, para transformar a guerra imperialista em guerra civil foram estabelecidos nas conferências internacionais em Estugarda, Copenhaga e Basileia, mas a liderança estava nas mãos oportunistas e o partido afundou‑se, dando uma trágica e definitiva demonstração histórica da falácia do caminho reformista. A traição foi justificada com argumentos pseudo-socialistas e manipulação teórica, especialmente por parte do influente partido alemão que manteu que a Primeira Guerra Mundial foi uma guerra justa porque foi conduzida com o objetivo de derrubar o czarismo.

No entanto, a reorganização imediata numa Internacional revolucionária não se seguiu, um processo que levou, infelizmente, anos, e neste foi o triunfo do oportunismo: as massas proletárias marcharam em apoio das suas burguesias e não houve revolução na Europa. Em teoria, o curso correspondeu a uma vitória prática para o oportunismo porque os proletários, ainda não dirigidos pela Internacional Comunista, foram divididos e lançados para se desfazerem aos pedaços uns aos outros pelos governos e burguesias de todos os países, bem ajudados pelos sociais-traidores que, como patriotas zelosos, tinham de repente caído em uniformes militares.

Na Segunda Guerra Imperialista novamente vemos o mesmo: vitória teórica do marxismo, derrota teórica do oportunismo e o seu triunfo prático. No período pós‑guerra e no atual período entre-guerras fétido, o proletariado está acorrentado à carruagem burguesa. Prisioneiros sorrateiros, que prometem não tanto quebrar essas correntes mas prometem apenas uma prisão um pouco menos dura ou só até não pior, uma miragem enganosa com o único propósito de transformar as energias proletárias na salvação da economia nacional hoje, e da pátria não muito longe amanhã. São esses partidos degenerados, filhos do estalinismo já degenerado, que, tendo mandado toda a teoria, programa e tática marxista pela rua fora, ainda se adornam, e a sepulturas caiadas, com a linguagem e visuais dos comunistas.

O colapso definitivo e inevitável do oportunismo, devido a uma falência teórica objetivamente provado pela história, não acontecerá por si só, mas apenas quando o proletariado regressar poderosamente ao cenário da luta de classes, organizado, conduzido pelo seu partido: os renegados virão então abertamente em defesa da burguesia e esse muro deve ser o primeiro a ser derrubado no desenvolvimento do processo revolucionário.

 



5. O MOVIMENTO COMUNISTA FACE À CRISE E À GUERRA

A atitude comunista face à guerra imperialista deriva da sua posição geral face ao capitalismo: quer a sua destruição total. As crises económicas, e as guerras daí resultantes, são as alavancas que podem ser utilizadas para o derrubar. O marxismo não antecipa paz e bem‑estar capitalista perpétuo: ambos constituem as premissas necessárias para crises cada vez mais profundas e guerras cada vez mais destrutivas. O comunismo quer a paz, certamente, mas não a paz efémera mantida com exércitos opostos armados como nunca antes, prontos a serem lançados uns contra os outros ou contra insurgentes proletários dentro de cada país; quer a paz real, orgânica, possível na sociedade sem classes ganhada por uma revolução internacional.

A crise económica é esperada pelo marxismo. Ela, ou a recuperação que se lhe segue, provocando um agravamento das condições da classe trabalhadora, pode pressioná‑la a reagir e a organizar‑se a nível sindical e a insistir na sua combatividade; pode também criar as condições para um crescimento quantitativo do partido e para uma extensão da sua influência sobre a classe trabalhadora. Precisamente porque implica a possibilidade de um regresso à cena histórica da única classe antagónica ao capitalismo, a crise económica é recebida com alegria pelo partido; ao contrário da burguesia, que a teme tanto pela possível revolta proletária como pela ruína das suas classes médias.

A guerra imperialista é também prevista pelo marxismo. Estas guerras têm origem na irremediável, e eventualmente intolerável persistência da crise económica internacional, que não permite outra solução dentro do modo de produção capitalista senão a destruição inumana das mercadorias e dos proletários. A guerra imperialista deixa o capitalismo começar do zera, ainda que apenas temporariamente, ao estabelecer um novo equilíbrio e divisão dos mercados mundiais. Nas ruínas destes mercados, um começo eufórico pode ser feito para um novo ciclo de pilhagem de meio século.

O Partido Revolucionário tentará tirar partido das crises económicas bem como das crises de guerra para tentar derrubar o capitalismo; e isto nas suas várias fases: período de preparação, surto, desenvolvimento, período imediato do pós‑guerra.

 



6. GUERRA LONGAS NÃO FAVORECEM A REVOLUÇÃO

Da terceira guerra virá a revolução, se antes da sua eclosão o movimento de classe tiver ressuscitado com ainda mais força. Ou a guerra entre estados começa e desenvolve‑se, ou a guerra civil rebenta, a burguesia é derrubada e a guerra não acontence.

O nosso movimento foi conduzido às indicações, avaliações e perspectivas acima mencionadas sobre o desenvolvimento histórico futuro, ao ponderar a experiência de duas guerras mundiais. No encontro com o Primeiro, o Partido Mundial do proletariado tinha ainda influências oportunistas no seu seio, vigorosamente combatidos pelas minorias da Esquerda mas que, para serem desmascarados perante a classe, tiveram de atravessar o inferno da guerra, na qual gradualistas e reformistas se revelaram ser massacradores em serviço da pátria burguesa. O proletariado fez o que pôde, nos vários países, por vezes heroicamente, mas isto foi insuficiente devido à falta de liderança política.

Houve uma vitória na Rússia, mas Outubro nasceu devido a duas condições singulares: a sobrevivência de um regime feudal e a série de derrotas militares, mais o pré‑requisito necessário para o sucesso duma revolução: a existência de um partido que, com a experiência de 1905, um ensaio geral em 1917, bem estabelecido nas suas bases marxistas, foi capaz de aplicar as táticas corretas tirando partido da situação de guerra e das derrotas do exército czarista, defendendo o derrotismo revolucionário. Houve vitória, mas foi isolada porque a Europa não completou o ciclo que deveria ter estreitado em muito poucos anos: condenação e derrota dos partidos social-traidores, recuperação do proletariado depois de ter aderido à guerra fratricida, retomada do movimento nas capitais históricas do capital, derrube de todas as burguesias imperiais, vitoriosas e não.

A Segunda Guerra veio, certamente não inesperada pela nossa Fração, mas desta vez veio a dura derrota do movimento proletário, com a degeneração da Terceira Internacional desde 1926 e a vitória do estalinismo e da contra-revolução mundial. Em tais condições não só as energias proletárias não vieram a ser concentradas e dirigidas, como foram mesmo empurradas para o serviço de uma frente burguesa contra a outra, como nos famosos blocos partidários.

As crises dos dois anos do pós‑guerra foram acompanhadas por condições históricas que impediram o desenvolvimento revolucionário das lutas proletárias, embora estas continuassem fortes. O congresso fundador da Terceira Internacional teve lugar em 1919; o segundo, ainda mais significativo para os atestados teóricos e programáticos, foi no ano seguinte, quando a formação das secções nacionais comunistas estava ainda por concluir: demasiado tarde, não só no que diz respeito à possibilidade de explorar o estado de guerra para fins revolucionários, mas também em relação a esse período imediato do pós‑guerra ainda cheio de crises e agitação social. Os burgueses dos vários países tiveram toda a facilidade de enfrentar greves e motins diretamente, usando os partidos social-traidores, enquanto o Exército Vermelho não conseguiu tomar Varsóvia, um acontecimento que provavelmente iria provocar o fogo revolucionário na Europa Central. A União Soviética permaneceu isolada, e a revolução recuou internacionalmente.

A situação no final da Segunda Guerra Mundial era ainda menos favorável devido ao aumento das atitudes, comportamentos e decisões contra-revolucionárias tanto dos inimigos de classe como dos oportunistas: os burgueses vencedores decidiram na ocupação militar dos países derrotados, acabando com a revolução comunista antes que ela sequer acontece‑se, e faltaram vanguardas fortes capazes de repudiar os blocos políticos, enquanto a degeneração dos partidos obreiros antigos, filhos de uma Internacional que já não era comunista, chegou ao fundo do poço.

O surto de guerra deve, portanto, encontrar um movimento proletário já ressuscitado e um partido bem estabelecido nas suas posições marxistas: estas são as melhores condições que a história pode proporcionar e caberá ao proletariado tirar partido delas.

A guerra que não desencadeou o fogo da revolução vitoriosa no momento em que começa ou nos seus primeiros desenvolvimentos, poderá desenvolver‑se mais facilmente e continuar até ao fim, dando novo vigor ao capitalismo moribundo: ao cadáver que ainda está a caminhar, o sistema capitalista, deve ser dado um golpe final antes que o sangue novo seja transfundido das veias proletárias, antes que encontre nova juventude na imensa destruição da guerra e na consequente recuperação económica das "reconstruções".

A guerra em si mesma resolve as crises e renasce capitalismo. Como expressão máxima da crise devido às contradições inerentes ao capitalismo, que abala os sistemas unitários de produção que são os estados-nação de modo profundo, pode constituir um impulso decisivo na direção da revolução. Sendo a única possibilidade oferecida aos monstros imperiais para superar as condições de estagnação e endireitar a curva descendente da taxa do lucro, numa violenta reorganização do mercado internacional em benefício dos vencedores, mas também dos derrotados, constitui a solução para a preservação do atual modo de produção. Não há outras possibilidades.

Em princípio, poderíamos também admitir a possibilidade da destruição total da espécie humana, o que seria ainda mais razão para nos prepararmos para o comunismo.

É por isso que dissemos que o proletariado terá de tentar acabar com a guerra logo ao seu início; quanto mais longa a guerra mais nós recuamos, objetiva e subjetivamente; quanto mais a guerra se desenvolver, menos hipóteses haverá de a combatermos com a revolução.

Esta avaliação geral não tem qualquer implicação na tática, que continua a ser a do derrotismo revolucionário em todos os países e em todas as frentes.

O Partido perseverará na sua propaganda e na sua ação, dentro dos limites permitidos pelas relações de força entre as classes antagonistas, perseverará em táticas derrotistas, em trabalho legal e ilegal no exército, tentando aproveitar ao máximo as possibilidades que o curso da guerra possa oferecer. Mesmo no período pós‑guerra de regeneração capitalista, não excluímos situações de instabilidade internacional entre derrotados e vencedores e de crise social interna, especialmente nos países derrotados, que o partido poderá utilizar para o assalto proletário.

Como sempre, o marxismo não dá profecias sobre o futuro, mas enuncia as suas condições. A ciência é o registo das leis que ligam os acontecimentos, sem afirmar que não podem abranger um vasto campo de variabilidade; neste sentido, aplica‑se aos acontecimentos passados como se aplica ao futuro, e pode ser tão errado para os últimos como tantas vezes é errado para os primeiros. Se as condições forem diferentes, os eventos serão diferentes.

O Partido tem sempre, em qualquer caso, o dever de indicar entre as diferentes possibilidades reais, a mais favorável. A nossa esperança, mais do que profecia, de 1956, permanece inalterada. Nós escrevemos: "A década do pós‑guerra de produção capitalista mundial avançada vai continuar por mais alguns anos. Depois, a crise entre guerras, semelhante à que eclodiu na América em 1929. Abate social da classe média e dos trabalhadores “burguesificados” do período Keynesiano. Renascimento de um movimento operário mundial, com todos os aliados rejeitados. Nova vitória teórica das suas antigas teses. Partido Comunista único para todos os estados do mundo. No final dos vinte anos, a alternativa do século difícil: a terceira guerra dos monstros imperiais – ou a revolução comunista internacional. Só se a guerra não passar, é que os emuladores morrerão"! (Programma Comunista, n.10, 1956).

Os vinte anos após a guerra duplicaram devido ao ritmo mais lento da produção capitalista mundial catastrófica, mas a alternativa para o final deste "século difícil" continua a ser a mesma.

 



7. TAREFAS DO PARTIDO EM DIFERENTES SITUAÇÕES

O Partido espera que as condições, tempos e formas de precipitar a crise capitalista – que inevitavelmente conduz à guerra – sejam de um molde que permita a extensão da sua influência sobre um proletariado cada vez mais combativo. Em relação a esta possibilidade, um atraso na eclosão da guerra pode ser mais favorável, mas esta consideração não nos empurrará para os braços do pacifismo humanitário e interclasse. Engels expressou também esperanças semelhantes. Nessa altura, um desenvolvimento no sentido revolucionário do movimento proletário não estava, em princípio e na prática, em desacordo com a presença de delegados parlamentares socialistas e com ações a serem tomadas mesmo no templo da democracia burguesa, para forçar o Estado a fazer escolhas menos desfavoráveis à classe trabalhadora, mas sobretudo para usar o parlamento como um fórum de propaganda revolucionária. Uma guerra contra a Alemanha, lar das divisões mais avançadas do socialismo mundial, poderia ter retardado este desenvolvimento. Não foi reformismo: Engels advertiu o estado burguês abertamente, e manteve o proletariado consciente de que as barricadas seriam erguidas em devido tempo.

Na situação atual, o renascimento do movimento numa direção revolucionário será visto na parte de uma ampla reação defensiva proletária, no renascimento das organizações sindicais de classe e numa influência notável do partido sobre a classe e as suas organizações económicas, a fim de o conduzir, em primeiro lugar, a cuspir todas aquelas ideologias e programas baseados em ações democráticas e no uso das instituições burguesas.

Nestas condições históricas, a preparação para e o surto de guerra poderão oferecer as maiores possibilidades revolucionárias. Numa situação que se tornou económica e socialmente explosiva, a a ameaça de enviar proletários para a frente da guerra poderia incendiar a guerra social.

Não é por isso, é claro, que o Partido cessaria a sua oposição à guerra do capital. O grito "dispara primeiro", dirigido por Engels à burguesia, ou seja: serás respondido com armas para te abater, poderá em determinados momentos ser parafraseado por nós no desafio: faz o gesto do recrutamento e o proletariado erguer‑se‑á, conquistará o poder e acabará com a tua guerra. O processo seria mais complexo do que poderia parecer a partir do grito de batalha: a guerra imperialista seria transformada onde possível em guerra civil, em alguns países o poder passaria para as mãos do partido proletário, a era das guerras revolucionárias abriria.

Certamente, tal desafio não poderia ser lançado hoje: se as cartas para o recrutamento e os mísseis fossem mandados mesmo agora, as prospetivas seriam problematicas. O partido, contudo, mesmo que hoje reduzido ao mínimo em termos de tamanho, como necessidade histórica, não estaria limitado ao registo dos factos e à sua interpretação, mas, como sempre, ao decifrá‑los, esforçar‑se‑ia por discernir mesmo as possibilidades mínimas oferecidas por uma terceira guerra que não tenha sido impedida pelo proletariado logo ao inicio, ou seja, por um proletariado ainda não suficientemente organizado e ainda muito influenciado pelos aos traidores.

Um exemplo de como o partido em tempo de guerra, embora soubesse que as condições objetivas e subjetivas que tornam possível a revolução e a tomada do poder eram inexistentes, não renunciou às suas tarefas enquanto aguardava tempos melhores, mas propôs, mais uma vez, os pontos fulcrais do programa e a tática correta, potencialmente traduzíveis em slogans inequívocos pode ser encontrado na nossa Plataforma de 1945, elaborada enquanto a guerra ainda estava em curso. Na situação daquela época, as forças armadas proletárias estavam presentes, poucas em número mas significativas, contudo, estavam ao serviço do oportunismo e do inimigo de classe; as forças do partido estavam dispersas e a sua influência sobre os acontecimentos históricos era nula. A necessidade primária era a sua reconstituição numa firme base teórica e programática; e esta era a principal tarefa da Plataforma. Contudo, além disso, não houve hesitação em estabelecer os fundamentais característicos da orientação tática junto à teoria; sobretudo, de modo a evitar que "reações desordenadas e imprevistas de última hora" se tornassem a resposta normal a situações "futuras". Embora prevendo que a trajetória da curva da luta de classes seria descendente, não houve exclusão em princípio do processo: reconstituição do partido, a sua forte influência na classe, e mudança na direção da luta proletária. Para este fim, o partido estabeleceu certos pontos táticos que foram enquadrados inequivocamente dentro do contexto do derrotismo revolucionário. Isto foi necessário apesar de não haver aplicação prática nem no presente, nem no ciclo do pós‑guerra, que for caracterizado por controlo policial duro imposto aos proletários pelos exércitos vitoriosos dos países conquistados e pelas burguesias nacionais, ajudadas pelo oportunismo estalinista.

Para a Primeira Guerra, fazendo um balanço do passado, viemos a estabelecer não tanto que se tratava de ter perdido "autocarros" históricos, mas sim que o autocarro do poder proletário no Ocidente não tinha passado nesse período fatídico de anos entre Agosto de 1914 e o início da década de 1920. No entanto, a Esquerda, no início atual, depois organizada como uma fração no Partido Socialista, finalmente sendo a frente do Partido Comunista de Livorno, não cometeu erros por excesso de otimismo, ou voluntarismo, desde que faça sentido falar de erros, ao liderar a sua batalha no seio do Partido Socialista, mostrou ao partido e às massas proletárias a forma correta de atacar a cidadela burguesa, opondo‑se ao "velho" reformismo anti‑militarista com a "nova" versão revolucionária e de classe, defendendo a tática que com Lenine será chamada, como um termo inequívoco, derrotismo revolucionário.

Então, em anos em que o refluxo da onda revolucionária era evidente, não deixou de indicar, mesmo numa posição crítica dentro da Terceira Internacional, a tática certa a ser aplicada numa Europa completamente capitalista, tirando lições mais das sangrentas derrotas do Ocidente do que da brilhante vitória da Rússia.

Na Terceira Guerra, se a prospetiva mais favorável – a resposta revolucionária que a antecede a guerra ou as suas primeiras manifestações – não ocorrer, o partido, evitando todo o voluntarismo, irá colocar‑se como uma força ativa, dentro dos limites impostos pelas condições históricas e pelas relações de força das classes, com as suas críticas, a sua propaganda e as suas indicações sobre as táticas a adotar, não mutáveis, não "novas" em relação aos "novos" acontecimentos, mas já estabelecidas e bem conhecidas à estrutura militante do partido.

 



8. DEFENCIONISMOINTERMEDIATISMO

A atitude do nosso movimento face às guerras imperialistas está inscrita nas táticas codificadas pela Esquerda e Lenine, que rejeitam antes de mais palavras que, debaixo de um disfarce aparentemente revolucionário, ou com a pretensão de preservar presumíveis conquistas socialistas, nada mais são do que formas de preservar a ordem burguesa.

"O aspeto "defencionista" do oportunismo consiste em afirmar que a classe trabalhadora, ainda que seja explorada e dominada pela classe dominante, corre o perigo de ver as suas condições agravarem‑se geralmente se certas características da ordem social atual forem ameaçadas. Assim, dez‑de‑dez vezes vimos‑as a chamar as hierarquias derrotistas do proletariado e dizendo‑lhes para abandonar a luta de classes e para se juntar a outras forças sociais e políticas no campo nacional ou mundial para defender os mais diversos postulados: liberdade, democracia, sistema representativo, pátria, independência nacional, pacifismo humanitário, etc.., etc., deitando assim fora a tese marxista que afirma que o proletariado, a única classe revolucionária, considera todas essas formas do mundo burguês como sendo nada mais do que armadura da qual o privilégio capitalista está por vezes rodeado, e sabe que, na luta revolucionária, nada tem a perder para além das suas correntes. Este proletariado, transformado num salvador de supostos legados historicos, num salvador dos ideais falhados da política burguesa, foi entregado pelo oportunismo "defensivo", ainda mais miserável e escravo do que antes, aos seus inimigos de classe nas crises ruinosas que tiveram lugar durante a Primeira e Segunda Guerras Imperialistas".

Do mesmo modo, rejeitamos qualquer "intermediatismo", "um termo que significa a pretensão de indicar como objetivo principal e preliminar a aplicação da força e dos esforços do proletariado revolucionário não para o derrube dos seus opressores de classe, mas para a realização de certas condições nas formas de organização da sociedade atual, que lhe ofereceriam um terreno mais favorável para novas conquistas". "Sob o aspeto complementar (o "defencionista") do "intermediatismo", a corrupção oportunista já não se apresenta apenas com o carácter negativo da proteção das vantagens que a classe trabalhadora gozava e que poderia perder, mas sob o aspeto mais sugestivo das conquistas preliminares que poderia alcançar – tudo isto, seja entendido, com a assistência compulsiva e total da parte mais moderna e desenvolvida da burguesia e dos seus partidos". "O partido vanguarda marxista, se a sua tarefa essencial é decifrar com precisão o desenvolvimento das condições favoráveis à máxima ação de classe, deve‑se dedicar, durante o longo do curso histórico, a realizar e conduzir essa ação vitoriosa, e não a construir as condições intermédias".

Portanto, em caso de guerra o partido, considerando nem a manutenção ou o restabelecimento das condições de paz entre os Estados, nem a vitória de uma frente militar sobre a outra como pressupostos dignos de ser defendidos; nem considerando tais acontecimentos como passos intermédios a conquistar no caminho para o socialismo, não suspenderá a sua luta de classe até que o comunismo seja obtido, nem fará alianças com qualquer estrato burguês ou partidos em relação a estes objetivos.

 



9. DERROTISMO REVOLUCIONÁRIO

marxista reconhece: houve guerras progressivas; mas em 1914, tal como em 1939, fomos confrontados, NÃO com uma guerra de progresso, mas simplesmente por um conflito entre exploradores imperialistas; o dever de todos os socialistas era lutar contra TODOS os governos de TODOS os países; além disso: o marxismo declara a impossibilidade de pôr fim às guerras sem a abolição das sociedades de classes e a vitória da revolução socialista".

Esta última passagem, extraída do esboço de um dos nossos escritos de 1951, "é a primeira das teses sobre o pacifismo, e é a mais importante. Destrói qualquer possibilidade de movimentos que entretém‑em o marxismo-leninismo que tenham como objetivo a supressão da guerra, o desarmamento, a arbitragem ou igualdade jurídica entre nações (Wilson’s League, Truman’s U.N.O.). O leninismo não diz aos poderes capitalistas: Impedir‑vos‑ei de fazer a guerra, e se o fizerem, derrubar‑vos‑ei; diz‑lhes, sei muito bem que enquanto não fores derrubado pelo proletariado sereis arrastado para a guerra, quer queiram quer não, e explorarei esta situação, intensificarei a luta para vos derrubar. Só quando esta luta for vitoriosa em todos os Estados é que a época da guerra chegará ao fim. À medida que surgem novas guerras, se no lugar do critério dialético de Marx e Lenine (tanto na doutrina como na agitação política), se substitui a exploração plebeia da ingenuidade das massas em relação à santidade da Paz e da Defesa, isso é nada mais ou menos do que trabalhar por oportunismo e por traição. Contra este último, Lenine aplicou‑se na construção do novo super hanc petram revolucionário internacional, sobre esta rocha: O CAPITALISMO E A PAZ SÃO INCOMPATÍVEIS. Dedicamos ao pacifista de hoje a tese lapidária do Terceiro Congresso (o 33º, sobre as Tarefas da Internacional Comunista): “O pacifismo humanitário anti‑revolucionário tornou‑se uma força auxiliar do militarismo".

Afirmamos que "estamos a favor, pois ela é claramente correta, da completa validade contemporânea da doutrina de Lenine sobre a guerra, que não é nada mais do que a doutrina de Marx, expressa no seu nascimento histórico após a Guerra Franco-Prussiana e a Comuna de Paris, na qual as guerras revolucionárias da unificação liberal chegaram ao fim: cada exército nacional é agora confederado contra o proletariado!".

Na deflagração do conflito europeu em 1914 "aos burgueses foi respondido que os proletários não têm pátria, e que o partido proletário persegue o objetivo de quebrar as frentes internas, e as guerras oferecem boas oportunidades para o tal fazer; que não vê desenvolvimento histórico na grandeza ou na salvação das nações; que nos congressos internacionais já estava empenhado em quebrar todas as frentes de guerra, começando onde melhor podia". "Os marxistas certamente não recusam analisar guerras particulares, mas qualquer que seja a sua estimativa, as guerras só podem transformar‑se em revolução com a condição de que o núcleo do movimento revolucionário internacional de classe, completamente separado da política governamental e dos movimentos dos oficiais militares, sobreviva e não coloque reservas teóricas e táticas de qualquer tipo entre si e a possibilidade de derrotismo e sabotagem das organizações políticas, estatais e militares da classe dominante em guerra". A verdadeira tradição da ala revolucionária, que convergiu após a guerra na Internacional Bolchevique, está ligada à diretiva de não renunciar à luta contra o poder da burguesia e as forças do Estado, mesmo quando estão envolvidas na guerra e desafiadas pela derrota, e à propagação de uma possível ação revolucionária internacional sem ter em conta a possibilidade de alterar o equilíbrio militar em favor do inimigo". "Lenine declarou‑o explicitamente: a nossa tarefa só pode ser cumprida através da "transformação da guerra imperialista em guerra civil". "Desde os primeiros congressos internacionais do século presente, as guerras entre Estados capitalistas já não são vistas pelos marxistas como uma fase de desenvolvimento a completar com o apoio dos socialistas, onde quer que ocorram, mas como uma "oportunidade para derrubar o poder burguês através da guerra social de classes". Com este conceito e este dever traídos por tantos lados, Lenine martelou incansavelmente para o restabelecer, e com ele, toda a esquerda marxista. A guerra é totalmente imperialista; não tem lados ou aspetos progressistas; a sabotagem proletária de todos os Estados "por detrás das linhas" deve ser defendida". "Tal como na Comuna de Paris, também em Leninegrado a Revolução foi ganha marchando na direção oposta à frente de guerra, disparando não contra o inimigo estrangeiro na luta militar e nacional, mas com os mesmos homens a usar as mesmas armas contra o inimigo interno, contra o governo do capital, contra o poder de classe da burguesia; "transformando a guerra nacional numa guerra civil"".

 



10. CONTRA O INDIFERENTISMO

Caso o partido não esteja historicamente situado para derrubar o sistema por revolução (proletariado ausente ou derrotado) mas com a prática do derrotismo e do "inimigo interno" ainda em vigor, estabelecerá qual das várias possibilidades seria o mal menor, ou seja, aliança de dois grupos imperialistas em guerra, vitória de um, ou vitória do outro. No que diz respeito à segunda guerra mundial, consideramos que o mal menor teria sido a ruína do monstro capitalista mais forte e mais duro de Washington. A condição geral das relações de poder inter-capitalistas não mudou muito hoje em dia e, como a condição decorrente da derrota dos países mais ordenados e poderosos é mais favorável à revolução, no caso de uma terceira guerra, a derrota da América continuaria a ser o mal menor.

Esta tese não envolve qualquer recaída num intermediatismo de outro tipo: não se trata certamente, como imaginam os defensores do indiferentismo neste campo, de carregar no botão americano ou no botão russo, renunciando assim – mesmo que fosse possível – a carregar no botão da revolução mundial. Um indiferentismo pomposo, em relação às forças desumanas desencadeadas nas guerras, foi sempre condenado de forma decisiva por todos os marxistas revolucionários, de Marx a Lenine, à Esquerda Comunista italiana e internacional. "Lenine estava extremamente consciente do facto de que Marx e Engels, ao condenar as guerras de 1854‑55 até 1870‑71, no entanto, se colocaram continuamente do lado de um beligerante em particular, uma vez que a guerra tinha começado". No entanto, Lenine observa que até essa altura, Bebel e Liebknecht votaram com os conselhos de Marx e Engels contra os créditos de guerra, em contraste com os seus sucessores de 1914 no Reichstag, que, em plena época imperialista, fraudulentamente ignoraram o facto de que a Rússia feudal ainda estava de pé, e que o seu colapso era necessário. Esta necessidade não significava que se fizesse uma aliança com o Kaiser em Berlim, ou que o renegado Plekhanov fizesse uma aliança com o Czar em Petrogrado. Apenas um burguês e um cretino, diz Lenine, não compreende que, em todos os países, os revolucionários trabalham para a derrota do seu próprio governo. E a história mostra que estes podem vir a cair, um após o outro.

E, de facto, também está documentado que na guerra imperialista de 1914 Lenine optou por uma certa solução. Quando, de acordo com a delegação alemã, ele viajou de Zurique na carruagem selada, naturalmente, foi visto por todos como "o famoso agente prussiano Vladimir Lenine". Mais tarde, tornou‑se evidente quem é que tinha acertado, o agentes prussianos, ou o agente revolucionário; e o mesmo depois de Brest-Litovsk. A Rússia e a Alemanha acabariam ambas por colapsar.

Foi Marx que cunhou a expressão, o "melhor resultado" da guerra, e nós – como de costume – apenas a repetimos, enquanto que foi Lenine que nos deu o conceito do "mal menor" no resultado das guerras, de ainda se aplica, seja bem compreendido, aos conflitos modernos e requintadamente imperialistas em que o apoio a qualquer governo beligerante é uma traição aberta. Num texto para o partido russo, a 28 de Setembro de 1914, ele disse: "Na situação atual não podemos estabelecer, do ponto de vista do proletariado internacional, qual a derrota de um dos dois grupos de nações unidas para guerra seria um mal menor para o socialismo". O indiferentismo, portanto, já está morto e enterrado; opomo‑nos aos dois resultados da guerra com o derrotismo e a revolução, e esses dois lados da guerra terão, se as atuais potências permanecerem de pé, efeitos diferentes no desenvolvimento histórico posterior; qual é então a solução mais favorável do ponto de vista revolucionário? "Para nós, social-democratas russos (o nome do partido ainda não tinha sido alterado), não pode haver dúvidas de que, do ponto de vista da classe trabalhadora e das massas trabalhadoras de todo o povos da Rússia, o mal menor para o socialismo seria a derrota do governo czarista".

Recapitulamos, de momento tratando uma terceira guerra como certa. As guerras 1, 2 e 3. Em ambos os lados da frente, o empenho dos partidos revolucionários comunistas é, como sempre: nenhum apoio aos governos, o mais derrotismo quanto praticamente possível. Guerra 1. O melhor desfecho para a revolução é que a Rússia e a Inglaterra caiam de costas. O primeiro ponto foi certamente confirmado, o segundo não: a vitória do capitalismo. A 2ª Guerra. O melhor resultado é que a Inglaterra e a América vão para o muro. Infelizmente isto não acontece: uma grande vitória do capitalismo. Guerra 3. O melhor resultado é que a América caia de costas. Alguém poderia alinhar argumentos para a tese oposta, que é melhor para a Rússia dar um tombo, dado que, enquanto a América é a maior conservadora do capitalismo, a Rússia é a maior destruidora do comunismo revolucionário. A primeira dá oxigénio ao seu paciente, a segunda imobiliza o seu "coveiro" marxista. Uma tese obviamente cretino é: não importa quem ganha.

 


11. TESES SOBRE TÁCTICAS

1) As táticas do partido sobre a guerra imperialista são baseados na doutrina do derrotismo revolucionário de Lenine, da sabotagem sem reservas e mesmo unilateral da guerra, de modo a transformá‑la em guerra civil contra o seu próprio governo para permitir a tomada do poder pela classe obraria e a instalação da ditadura proletária. Os oportunistas tiveram reservas durante as duas guerras, mas todas elas tiveram o mesmo efeito: conduzir o proletariado ao massacre para a defesa dos interesses da classe inimiga.

Uma destas "reservas" foi o seu apelo para que a ação derrotista nas frentes hostis fosse simultânea. Esta parece ser uma posição extrema mas é na realidade impossível de concretizar, e tornou‑se uma condição para a renúncia à ação revolucionária e apoio à guerra conduzida pela sua burguesia. Pelo contrário, o que era necessário era prever e preparar ações que favorecessem a derrota do seu governo, mesmo num só país.

Se, partindo da posição do progresso desfavorável da luta de classes, o partido julga o renascimento revolucionário como uma impossibilidade geral, tal possibilidade nunca foi absolutamente excluída, uma vez que não excluímos a possibilidade que condições particulares favoráveis ocorreram durante alguma fase da guerra, ou seja, durante a preparação, surto, desenvolvimento, fim e pós‑guerra imediata. Seja como for, não altera as suas táticas, uma vez que estas são salvaguardas tanto sobre o partido como até sobre a própria possibilidade de um renascimento de classe.

2) O partido, embora condenando em princípio o pacifismo legalitário, advertindo o proletariado de que seria impotente e incerto quanto ao seu futuro se se ajoelhasse ao altar da Pátria e da Defesa, encoraja o sentimento que existe entre os proletários e soldados contra os efeitos da guerra, encontrado igualmente no movimento e nas manifestações contra a guerra, mas canaliza‑o para o derrotismo e para o objetivo revolucionário. O seu objetivo será, tanto diretamente como através da sua influência nas organizações económicas defensivas da classe (dentro das quais existe como uma fração), propagandizar contra a guerra e os seus efeitos e mobilizar a classe contra ela. Para o partido, para os comunistas, a participação ao lado de outros partidos em organismos que não sejam de tipo estritamente económico, deve ser excluída: exemplos de comités de paz, desarmamento ou amizade entre povos e afins. O partido não envergonhará o proletariado ao admitir que, sem um movimento revolucionário, ainda será possível manter a paz. A paz capitalista acabaria por chegar, com certeza, mas só depois do seu ciclo de guerra, com toda a sua destruição, extermínio e pilhagem, e mesmo assim, já estaria a carregar em si as sementes da guerra futura entre as classes dominantes de vários países. A paz duradoura só pode ser conquistada pela guerra civil contra o próprio governo e a burguesia, e a guerra revolucionária entre Estados com ditadura proletária e Estados ainda com ditadura burguesa.

3) O partido denuncia como pura ilusão o pedido de desarmamento dos Estados; substitui tal coisa com a consignação a uma milícia popular, a das milícias proletárias, e afirma a necessidade da preparação militar-técnica da classe e do trabalho legal e de infiltração no exército burguês, com objetivos insurrecionais.

A nossa palavra de ordem não é a da recusa do serviço militar como defendido pelos movimentos pequenos burgueses.

4) A greve e a organização sindical são os instrumentos primordiais da luta de classes proletária. Só a luta económica por melhorias económicas imediatas consegue abalar também as massas menos desenvolvidas, dando‑lhes uma verdadeira educação, e, num período revolucionário, transformando‑as num curto espaço de tempo num exército de combatentes revolucionários. Um movimento defensivo alargado e combativo dos trabalhadores é um fator determinante no processo insurrecional, e a quebra da disciplina e a infiltração da propaganda comunista entre os soldados.

Nas revoluções de 1905 e 1917 na Rússia, o entrelaçamento de greves económicas com greves políticas, a ligação entre estas duas formas de greve, garantiu o sucesso do movimento. Para que o proletariado consiga expressar completamente a sua própria força de classe para a tomada do poder político, é necessário que vastos movimentos de classe espontâneos, de resistência e de ataque, tanto económicos como políticos, de civis e soldados, sejam disciplinados, controlados e liderados pelo partido revolucionário, que, por sua vez, concentra todas estas energias na luta pelo objeto supremo: a tomada do poder do Estado. Esta é uma dinâmica complexa que deve ser estudada e prevista pelo partido, pois em situações extremas, torna‑se literalmente o Quartel General da revolução. A questão é obviamente complicada pelo facto de que os vários aspetos parciais do movimento influenciam‑se uns aos outros reciprocamente e de forma diferente na sua convergência e orientação; nenhum destes, porém, pode alcançar o objetivo isoladamente, mas apenas na soldadura do movimento geral de classe à vontade e às certezas do partido.

5) O partido considera que certas reações à guerra são inadequadas, mesmo que se envolvam com o único objetivo de evitar a guerra de modo a alargar e difundir formas insurrecionais, estas reações contra a guerra podem ser instintivas, individuais ou coletivas, sob a forma de recusa de serviço militar, fuga, evasão ou deserção. Tais reações, de indivíduos ou massas, mesmo que espontâneas, expressam a recusa do proletário em enviar a sua própria carne ao açougueiro imperialista, mas, em si mesmas, só podem levar à deportação de armas e à dispersão das forças proletárias que devem constituir a força armada da revolução. A fragmentação das unidades militares e o abandono da frente será fortemente apoiada pelo partido com o objetivo de passagem dessas forças para a frente interna, organizada e disciplinada para a guerra civil contra o seu próprio governo. Pela sua ação e propaganda, o partido incitará os soldados a não deitarem abaixo as suas armas, mas a mantê‑las firmemente ao seu alcance, a fim de as poderem apontar, no momento certo, ao inimigo interno.

Só através da sua intervenção legal e ilegal no exército – com o objetivo de organizar células comunistas, e depois unidades – é que pode ocorrer ou uma parte do exército burguês a passar para a bandeira da revolução, ou da sua neutralidade no conflito social. Concomitantemente pode haver uma grande expansão do fenómeno, ampla e espontânea na primeira guerra, de confraternização entre soldados de exércitos hostis, que os comunistas têm de se propor a organizar, indo além da sua forma primária da greve militar.

6) Outra posição que refutamos deriva de uma interpretação errada de uma posição marxista clássica não renovável. Afirma, com base numa avaliação do "mal menor" entre as possíveis soluções burguesas para a crise de guerra, que se segue necessariamente uma postura tática correspondente e ativa, ou seja, se as condições no termo imediato forem julgadas como sendo desfavoráveis ao sucesso da revolução proletária, o partido teria de favorecer, ou não impedir, a vitória de uma frente burguesa sobre a outra para assegurar melhores condições após a guerra para a renovação da luta de classes. Este é o caminho da traição, que sob as formas mais desesperadas do intermediatismo leva à salvação do sistema capitalista.

7) Em caso de guerra, a atitude do partido para com o oportunismo permanece inalterada, de facto, a batalha contra ele e a sua organização deve ser acentuada, porque a guerra pode permitir‑lhe uma melhor camuflagem de esquerda, apelando aos proletários para lutarem na guerra em defesa de objetivos já alcançados com o objetivo de alcançar fases mais avançadas no caminho para o socialismo.

Mesmo que a guerra consiga quebrar a uniformidade da postura do oportunismo em certos países, isto não constitui por si só um enfraquecimento do oportunismo. A sua influência na classe trabalhadora aumentará ou diminuirá em relação à maior ou menor influencia do partido comunista na classe. Esta lamentável influência oportunista será ainda mais significativa se, tal como na segunda guerra mundial, se suceder no seu estratagema de dirigir os proletários armados contra o seu próprio governo, não para o substituir com uma ditadura proletária, mas sim com os outros governos burgueses, passados pelos oportunistas como progressistas, de modo a assegurar blocos na frente pró‑russa ou pró‑americana.

Na primeira guerra mundial, a Segunda Internacional, dominada pelo oportunismo, entrou em colapso, e a Esquerda internacional, com Lenine, orientou‑se para a refundação da organização proletária mundial. Contudo, o colapso não foi suficiente para eliminar a influência bastardizante da velha organização, uma vez que a fundação da Internacional Comunista e das suas secções nacionais chegou tarde. A segunda guerra começou com o partido revolucionário marxista ainda ausente da cena histórica, e o oportunismo, sob o manto do Estalinismo, pode‑se apresentar‑se com falso traje comunista e até ordenar mudanças súbitas de frente com impunidade, levando mais uma vez o proletariado ao sacrifício, em benefício do inimigo de classe.

Confrontados com uma terceira guerra mundial, devemos ser ainda mais claros, se isso for possível, sobre o discernimento das organizações "centristas", que, em momentos cruciais, irão parar todas as suas reviravoltas para engordar as fileiras do patriotismo e da unione sacra.

8) O partido prevê a necessidade de uma guerra revolucionária após a tomada do poder em um ou mais países. Isto significa que a sua tarefa será organizar o Exército Vermelho na medida em que seja capaz de derrotar os exércitos burgueses internos e de enfrentar os dos Estados burgueses. Será a hora da guerra justa para a defesa da ditadura proletária, e para a extensão da revolução a países ainda sob o domínio do capital, mantendo sempre laços estreitos com a luta de classes liderada nesses mesmos países pelo partido comunista mundial.

Esta, e apenas esta, será a última das guerras do ciclo milenar da humanidade dividida em classes.


("Il Partito Comunista", n.181/1990).