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Pandemia e crise

     Como a classe trabalhadora deve responder à crise e às consequencias do contágio
     Salário integral para os desempregados
  

A pandemia, que já provocou o congelamento de grande parte da economia mundial, está se espalhando muito rapidamente, com efeitos muito sérios sobre as condições de vida e de trabalho da classe trabalhadora em todos os países.

A emergência sanitária não é a causa da crise econômica, apenas a amplia. As crises econômicas, como Marx demonstrou há mais de um século e meio, surgem das contradições internas do modo de produção capitalista. A produção industrial nos principais países retrocedeu em seu crescimento em relação ao início do ano passado com uma maior contração nos últimos quatro meses, iniciando uma recessão global que esperávamos ser pior do que em 2008-2009.

A atual pandemia acelerou este processo de forma inesperada e abrupta. Revelou em alguns meses o caráter anti-histórico e inimigo da espécie humana do capitalismo. Essa doença afeta os trabalhadores, que estão mais expostos ao contágio, e os setores mais pobres da população, que muitas vezes sequer têm acesso aos cuidados de saúde.

A crise econômica agravará as desigualdades sociais, com a ruína acelerada das classes médias, e para os trabalhadores aumentará a exploração e o desemprego em massa. A Organização Internacional do Trabalho, em 18 de março, previu 25 milhões de desempregados, mas apenas alguns dias depois corrigiu: “Uma quantidade enorme de desempregados crescerá a 190 milhões registrados no final de 2019”.

Só nos Estados Unidos, em três semanas, houve 16,8 milhões de novos desempregados, com um aumento semanal de 5,6 milhões de pedidos de benefícios, um número nunca visto antes. É verdade que os critérios de elegibilidade para o subsídio foram relaxados, que antes da pandemia permitia o acesso de apenas 20-30% dos desempregados, enquanto que agora a chamada uberização e os denominados freelancers também podem ter acesso a ela, mas a média das últimas três semanas é de apenas 236 mil! A pior semana registrada desde 1967, quando estas estatísticas do Departamento de Estado dos EUA começaram, foi em outubro de 1982 com 695 mil aplicações!

Setores inteiros da economia mundial entrarão em colapso, inclusive o setor terciário, com repercussões devastadoras para a classe trabalhadora.

Sequer é certo que o sistema mundial terá força para reiniciar o processo de acumulação, que é vital para o modo capitalista de produção.

Na Itália, o recurso maciço ao fundo de demissões e o bloqueio de demissões até 30 de abril só adiaram o colapso dos empregos. Mas a hemorragia rumo ao desemprego já ocorreu, especialmente no sul e na economia paralela, que também é generalizada na Itália: esses trabalhadores se viram sem nenhuma proteção da noite para o dia.

Como o proletariado na Itália e internacionalmente pode reagir a esta situação?

A resposta só pode ser dada recorrendo à reivindicação histórica do movimento operário: redução drástica da jornada de trabalho com a mesma remuneração e salário integral para os desempregados. Essas simples reivindicações tendem a superar a competição e a fragmentação dentro da classe trabalhadora, favorecem a unidade entre todas as categorias e permitem o alinhamento de suas forças na luta de classes.

Já nesta emergência sanitária, muitos trabalhadores têm reagido à ação criminosa da esmagadora maioria dos empregadores que, independentemente do risco de contágio, tentaram manter fábricas, canteiros de obras, armazéns abertos, forçando os trabalhadores a irem trabalhar. Em muitas empresas, apesar de ainda não existir uma organização de classe forte, o que teria ajudado a organizar uma resposta ainda mais enérgica, os trabalhadores cruzaram instintivamente os braços reivindicando seu direito à saúde e à vida. Os trabalhadores devem recomeçar a partir destes exemplos, que ainda estão isolados.

Por isso foi necessário organizarse para o renascimento de um sólido sindicato confederal classista. Nesta organização, os trabalhadores estrangeiros também seriam convocados, e sua regularização deveria ser exigida.

Às objeções de “razão econômica” dos empregadores, que sempre reclamam de seus infortúnios, responderemos que não cabe à classe trabalhadora dizer à burguesia de onde tirar o dinheiro para pagar as contas. Não estamos todos “no mesmo barco”, como nos querem fazer crer com seus apelos para defender a pátria e a economia nacional.

Os trabalhadores não podem e não devem pagar por esta crise!